Você já ouviu falar na América Latina Logística? A ALL foi uma das maiores empresas brasileiras de logística ferroviária, com atuação tanto no Brasil, como na Argentina, em um país que não é o mais favorável quando o assunto é transporte ferroviário de cargas.
Hoje, o Brasil tem cerca de 30 mil quilômetros de extensão de malha ferroviária, sendo em torno de mil deles eletrificados. Todas linhas estão distribuídas por 22 estados brasileiros e pelo Distrito Federal. Além da interligação entre estados brasileiros, as ferrovias também fornecem ligações ferroviárias para Argentina, Bolívia e Uruguai.
O cenário brasileiro para as ferrovias já foi um pouco melhor, chegando a mais de 34 mil quilômetros. Porém, a falta de investimento nesse setor, tanto pela iniciativa privada, como pela pública, fez com que o crescimento das ferrovias no país retrocedesse. Enquanto isso acontecia, outros modais cresciam vertiginosamente, com destaque para o modal rodoviário que é, hoje, o mais utilizado no país.
As primeiras ferrovias no Brasil foram uma iniciativa de capital nacional e estrangeira, principalmente inglês. Os ingleses tinham interesse em um sistema de transporte seguro e eficiente, que pudesse movimentar toda a produção agrícola e minérios aos centros urbanos e aos portos do país.
Já nos anos 2000, era a ALL quem operava a maior malha ferroviária da América do Sul, como detentora de concessões em uma área que representava 75% do PIB do Mercosul. Por essa área, e pelas mãos da América Latina Logística, escoavam cerca de 78% das exportações de grãos de sua região de atuação.
Quer saber mais detalhes e a história da gigante América Latina Logística?
Conheça a América Latina Logística
A América Latina Logística foi uma gigante brasileira no ramo de transporte ferroviário, com um histórico de sucesso e ascensão, além da conquistas de vários prêmios e de um território rico de atuação.
A empresa tem uma história de altos e baixos, que vale a pena conhecer:
A América Latina Logística foi fundada em 1997, com sede em Curitiba, capital do Paraná, como uma das primeiras empresas nos serviços ferroviários brasileiros, após a privatização da malha ferroviária no país. Desde o início, ela ligava Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul por meio dos trilhos.
A empresa nasceu com o nome de Ferrovia Sul Atlântico, e foi só em 1999 que passou a ser chamada de América Latina Logística, também conhecida como ALL. Nessa época, sua concessão foi estendida para ferrovias das regiões central e nordeste da Argentina.
Em 2001, a América Latina Logística expandiu seus negócios ao adquirir a Delara, uma empresa brasileira de transporte rodoviário.
Em 2006 a ALL continuava expandindo, com a aquisição da Brasil Ferrovias e Novoeste e, dessa forma, estendeu mais sua área de atuação para o centro oeste e São Paulo. Isso a posicionou como a maior empresa logística ferroviária do país. Nessa época, suas ferrovias tinham mais de 12 mil quilômetros de extensão.
Em 2010, a empresa conquistou o marco de uma das maiores companhias brasileiras de logística ferroviária, operando entre Brasil e Argentina, a maior malha ferroviária da América do Sul em uma área que representava 75% do PIB do Mercosul. Ela oferecia serviços de transporte ferroviário e rodoviário, com uma frota de mais de mil locomotivas, 31 mil vagões e 70 Road Railers (carretas que trafegavam tanto em rodovias como em ferrovias).
A América Latina Logística tinha, nessa época, quase 8,5 mil empregados diretos, além de outros 25 mil colaboradores indiretos pelas mais de 30 unidades, em seis estados do país. Ela prestava serviços em três segmentos no transporte ferroviário:
- Commodities agrícolas;
- Combustíveis;
- Produtos industrializados.
Em 2011, a América Latina Logística fez uma parceria comercial com a transportadora Ouro Verde, com foco no transporte rodoviário, e abriu uma nova companhia: a Ritmo Logística.
Em 2013, os problemas da ALL começaram quando o governo argentino cancelou o contrato com a empresa, alegando violações graves dos contratos, como falta de investimento em infraestrutura e melhorias, e também um alto número de multas com o governo.
Quem comprou a ALL?
Quem comprou a América Latina Logística, a absorvendo em seus negócios, foi a Rumo Logística.
Vamos entender melhor como aconteceu essa transação:
Quem é o dono da América Latina Logística?
A América Latina Logística foi adquirida, em julho de 2014, pela empresa Rumo Logística. A ALL, considerada por muitos anos como a empresa de logística ferroviária mais eficiente do país, foi adquirida já em mau estado. De acordo com a Rumo, na época, toda a infraestrutura da empresa, como trilhos e locomotivas, estavam comprometidos. E seus clientes, insatisfeitos.
Após a compra, a Rumo iniciou um plano de recuperação, que começou com a substituição da malha ferroviária. Já nos primeiros 9 meses, a Rumo já havia investido cerca de 2 bilhões de reais na substituição e manutenção dos trilhos, e na compra de novas locomotivas e novos vagões.
Como são as operações da América Latina Logística?
Como a ALL foi comprada, todas as suas operações são feitas da sua nova dona: a Rumo Logística.
A Rumo Logística é a maior operadora de logística ferroviária independente do Brasil, com operações de Norte a Sul, por uma malha ferroviária de quase 14 mil quilômetros de linhas. As operações logísticas da Rumo ligam as principais regiões do Brasil – norte, sul e central – com os três principais portos do país.
Veja alguns números que demonstram o sucesso da companhia:
- Expectativa de crescimento de 10% ao ano até 2023;
- Responsáveis pelo transporte de 26% da exportação de grãos do Brasil;
- Presente em 80% das regiões que mais exportam no país;
- Em 2019, a Rumo transportou cerca de 57 milhões de toneladas em volume de produtos.
As concessões da Rumo Logísticas são federais, ou seja, a empresa tem contratos com o Governo Federal, autorizando que ela administre as linhas ferroviárias de acordo com as normas impostas pela União.
É a maior operadora de ferrovias do Brasil, oferecendo serviços de transporte ferroviário, elevação portuária e armazenagem, além de operações de terminais de transbordo e administração de ferrovias em vários estados – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins.
Operação de Transportes Ferroviários
São milhares de quilômetros de malha ferroviária ligando diversas regiões Brasil, no transporte de produtos industrializados, combustíveis e commodities agrícolas.
Operações de terminais e armazenagem
Os terminais da Rumo, antes conhecida como América Latina Logística, contam com uma estrutura complexa, desenvolvida com tecnologias de ponta para movimentar cargas a granel e industrializadas por meio de rodovias ou ferrovias.
Logística de contêineres
A logística de contêineres da Rumo é realizada com uma parceria estratégica com a empresa Brado.
Inovação e Tecnologia na Rumo
O setor de pesquisa e desenvolvimento da Rumo Logística tem um olhar voltado para o futuro e uma estrutura consolidada com foco em novas tecnologias. O objetivo desse setor da empresa é identificar as demandas que exigem esse olhar e desenvolver os projetos necessários para buscar soluções.
Com essas iniciativas, a Rumo pretende manter a visão no futuro das ferrovias, antecipando as principais tendências tecnológicas do setor e facilitando para que o transporte ferroviário do Brasil cresça cada vez mais.
A Rumo Logística também tem um projeto chamado de Mapa do Futuro Horizonte 2040, com o objetivo de identificar desafios e oportunidades para o setor ferroviário até 2040.
América Latina Logística: Conclusão
A América Latina Logística teve grande destaque nacional como um nome forte no setor ferroviário, e representou um dos principais meios de escoar produtos pelo Brasil e pela Argentina. O seu nome foi tão poderoso que, até hoje, mesmo tendo sido absorvida por outra empresa – a Rumo Logística – muitos continuam conhecendo a companhia e a chamando de América Latina Logística.
Depois de seus anos de reinado, uma combinação de diversos fatores internos e externos, fizeram com que a ALL perdesse força. A falta de investimento nos trilhos, nas locomotivas e em toda a infraestrutura, foi um dos principais motivos que levaram a empresa às más condições em que ela se encontrava quando foi comprada pela Rumo.
De qualquer forma, foi significado de expansão para o país durante muitos anos. A Rumo Logística, por sua vez, segue fazendo um trabalho esplendoroso, com bom atendimento, investimento em estrutura e em tecnologias que permitem que a concessão federal continue funcionando com sucesso.
De acordo com o Plano Nacional de Logística 2035, a previsão é de que as linhas ferroviárias cresçam em torno de 30% nos próximos anos.
E você, concorda que deveriam haver mais ferrovias para escoar a produção no Brasil?
Ficou com alguma dúvida?